Depoimento do suspeito de matar delegada por estrangulamento
Tancredo Neves Lacerda Feliciano de Arruda, preso preventivamente suspeito de matar Patricia Neves Jackes Aires, detalhou em depoimento à polícia como violentou a delegada, na madrugada de domingo (11). Em sua fala, o suspeito se coloca como vítima de “diversas ameaças” que geraram sua reação agressiva, que culminou no estrangulamento da policial civil.
O Portal teve acesso ao vídeo do depoimento prestado por Tancredo Arruda na 37ª DT – São Sebastião do Passé. Nele, o suspeito dá sua versão dos fatos e confessa ter estrangulado Patricia com o cinto de segurança do carro onde o corpo foi encontrado.
“Patricia era muito agressiva”
Tancredo Arruda contou que, na noite do ocorrido, o casal estava, inicialmente, em Santo Antônio de Jesus, cidade onde Patrícia residia e trabalhava.
“Eu já tinha falado com ela que queria ir embora, que não tava aguentando mais algumas situações. Porque Patricia era muito agressiva, sempre foi. Eu tinha feito a minha mala e quando eu falei isso [que ia embora], ela não deixou e pegou a arma”, contou o suspeito.
Segundo a versão de Tancredo, a delegada o ameaçava sempre, mas que as palavras não o intimidaram. Ele ressaltou que a policial não costumava levar o revólver quando estava fora do serviço.
Antes do crime
O suspeito contou que, após as brigas, o casal se acertou e decidiu sair para jantar. Segundo Tancredo, eles passaram em dois restaurantes diferentes antes de decidirem viajar para Salvador. “Quando ela decidiu, ‘vamos para Salvador’, já estava tudo mais tranquilo”, disse.
O falso médico relatou ainda que o suposto assalto e sequestro não aconteceram. Em relação às imagens obtidas pela polícia, através da ViaBahia, onde Patricia já estava possivelmente morta, Tancredo Arruda apresentou outra versão.
“Eu realmente parei pra fazer xixi, mas não teve assalto. Quando passou pelo primeiro pedágio, ela etava dormindo, mas ‘tava’ viva, não tinha acontecido nada. Ela não tava dormindo, tava assim [encostada] descansando. Depois, quando ela acordou, eu falei ‘Patricia, aproveitando que a gente tá indo pra Salvador, deixa eu passar um tempo com minha família lá e depois eu volto pra cá’. Aí voltaram as ameaças”, contou.
“Eu não tinha medo das ameaças dela porque eram só palavras. Nesse dia ela pegou o carro e puxou o volante; aí fomos parar onde a gente parou. Quando entrou no mato, ela falou: ‘Tá vendo, agora vou botar pra f*der em você, vou acabar com sua vida, vou matar sua mãe, seu pai, sua filha, seu irmão’, coisas que ela já fazia, inclusive por telefone”, completou o suspeito.
Relacionamento conturbado
Os relatos sobre a agressividade de Tancredo Arruda não são novidade. O suspeito já havia sido preso anteriormente por episódios de abuso contra a própria Patrícia, com quem o rapaz afirmou que se casaria na próxima quarta-feira, dia 14 de agosto.
Apesar de também manter, segundo sua ex-companheira, uma medida protetiva contra a mãe da filha, Tancredo ‘bateu o pé’ e reforçou que “Patricia não aceitava o término de jeito nenhum”.
“Ela já foi atrás de mim em Salvador, em Itamaraju. Patrícia não aceitava o término de jeito nenhum. E eu não vou negar que eu amava ela e tentava ver aquilo que tinha dentro dela de novo, mas sempre voltava pras ameaças’, relatou.
Momento do estrangulamento
Já na estrada, após passarem pelo pedágio – no qual apareceu tranquilamente ‘brincando’ com um atendente enquanto Patricia estava estática -, a delegada teria reagido de maneira agressiva. De acordo com as palavras de Tancredo Arruda, este foi o momento chave para que o suposto crime acontecesse.
“Ela veio pra cima de mim, me deu um murro aqui na testa. O lábio dela não fui eu que toquei, acho que foi na pancada do carro. Eu não sou um monstro não, não sou um bicho, mas foi o cinto. Ela veio pra cima de mim e eu perdi a cabeça. Puxei pra trás só. Enrolei [no banco] e puxei”, detalhou.
Ele afirmou também que passou cerca de 40 segundos pressionando o cinto contra a vítima, que ficou desacordada.
“[Depois do estrangulamento] Só saí do carro. Não sabia se ela estava realmente morta, só desacordada. Saí e liguei pra polícia na mesma hora”, falou. “Eu decidi ligar pra PRF e contar o que aconteceu, mas no ‘meio tempo’ eu fiquei com medo de, por ela ser delegada, da própria polícia fazer alguma coisa”, disse Tancredo, reafirmando que inventou os detalhes do suposto sequestro.